2/05/2009

CHEGA DE RETALHOS



Por: Alex Sampaio*


Folhear quadrinhos é muito bom mas, acho que ainda vamos ficar lembrando águas passadas, pois o que circula em bancas atualmente é muito ruim. Somos levados pelas circunstâncias ou por falta de opções a ler o que nos oferecem. E o que nos oferecem é muito pouco. Aliás, ver que nada mudou no cenário das publicações de HQs nos deixam muito preocupados, não só pelo fato em si, mas pelas muitas promessas que foram feitas no sentido de novos lançamentos e de uma mudança para melhor na cronologia de alguns personagens. Como quem fez as promessas parece tê-las esquecidas, vou esquecer que li também, e ficam elas por elas.


Incrível, é que alguns títulos lançados pelas editoras parecem destinados a leitores de péssimo paladar, pois nada sugerem, faltando luz e criatividade. Os estilísticos nostálgicos devem estar nocauteados com tantos dissabores. Decididamente fica difícil acompanhar o raciocínio dos editores nacionais, pois dos títulos lançados, só vingam poucos números. É começando e cancelando. Por costume, evita-se falar mal do pranteado, assim como, para não soar catartídeo, não se fala mal dos iniciantes. É esperar e torcer.


Metaforicamente, é comum nos enchermos de esperanças quando vemos novos horizontes que nos chegam com promessas nos mar de almirante, fazendo-nos acreditar em novos tempos. Surge a expectativa que o avião vai decolar na HQ brazuca, mas ele nunca sai do chão. O jeito é ressussitar Santos Dumont...
A exemplo do que ocorre em outros mercados, o nosso também não foge à regra e embala na dita crise econômica. Parece que o apagão atingiu o setor, varrendo economicamente o mercado editorial brasileiro. Já se havia anunciado enfaticamente antes, que não havia risco de crise no setor, pois nossa máquina estava estável financeiramente e inclusive, em plena era de aceleração e crescimento. Atribui-se vários cancelamentos de títulos a uma extraordinária conjunção de fatores, dentre os quais, a falta de interesse do leitor brasileiro. Vamos fingir que não ouvimos isso...!!!


De qualquer forma, para assegurar alguns fados, os mangás estão consolidados no nosso mercado, e ao que parece, caiu no gosto do leitor. É uma razão para comemorar e esperar tudo de bom para o estilo. Estou até otimista com essa febre japonesa que assola o país, mas é bom que não esqueçamos que não basta traduzir, é preciso criar também. Vamos abrir espaço para o mangá tupiniquim também. Acredito que vai dar! Assim ou assado, estaremos progredindo. Vamos peneirar e mostrar nosso estilo de fazer mangá. Nada de redemoinhos e upgrade. Como já ensinava Monteiro Lobato: Uma nova maneira de criar o Saci Pererê, é sentir o gosto popular. O primeiro mundo não é só Disney Word, mas o Mangá Word. Chegaremos lá...!!!


* Alex Sampaio é colunista do Made in Quad, editor do fanzine Made in Quadrinhos e colecionador de gibis.

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