2/23/2010

Anônimo arremata Action Comics Nº 01 em leilão

A edição de 1938 da Action Comics Nº 01, foi arrematada em leilão por U$ 1 milhão de dólares. O comprador não se identificou. O leilão foi conduzido pelo site Comics Connect.com, que intermediou os lances. A edição do gibi conta a origem do Super-Homem. A Action Comics é publicada pela DC até hoje.

2/19/2010

Site vende estátua do Wolverine





O site Sideshow está disponibilizando uma fantástica estátua do Wolverine, em uma bela pose de guerreiro. Com uma roupa amarela, sunga e botas azuis e cinto vermelho, o personagem da Marvel chama a atenção dos fãs. O uniforme vem com tecido e cinto em couro legítimo. Mas o que realmente chama a atenção, é a feição de fúria estampada no rosto do personagem. É ver para crer.

A estátua tem 43 cm de altura x 28 cm de largura. A peça custa $ 299,99 dólares e está disponível para venda.

2/11/2010

Stan Lee cria nova HQ

O genial Stan Lee, 87 anos, co-criador de alguns dos super-heróis mais famosos do mundo, está escrevendo uma nova série de histórias em quadrinhos, na qual ele próprio tem um dos papéis principais.

A série é sobre sete aliens que se descobrem presos na Terra depois de sua nave espacial sofrer um acidente. Ele se torna líder dos aliens e os ajuda a retomar suas vidas na Terra, como super-heróis.

Com certeza a HQ vai pegar e sem dúvida poderá se tornar uma série com revista própria.

2/10/2010

Fotomontagem resgata símbolo do império americano

A bela imagem do Homem Aranha no WTC antes do atentado de 11 de setembro. Fotomontagem que resgata o símbolo do império americano. Só mesmo um super herói para livrar o capitalismo da ira dos terroristas.

2/01/2010

Entrevista: Natalia Forcat

Natalia Forcat é argentina, mas mora no Brasil há mais de dez anos. Na Argentina já desenhava, tendo publicado alguns quadrinhos nas revistas Fierro, Cerdos & Peces e El Tajo. No Brasil, fez ilustrações para revistas como Playboy, Show Bizz, Carícia, Pense Leve, Isto É Minas, Set e Set Vídeos Eróticos, Revista da Folha de São Paulo, Caros Amigos e Trekking. Entre 1998 e 2001 trabalhou como ilustradora e chargista para a Gazeta Mercantil. Colaborou com o álbum Brazilian Heavy Metal com uma história em quadrinhos roteirizada por Dario Chaves. Participou do Primeiro Concurso Nacional de Quadrinhos (HQ Brasil), ficando com o primeiro lugar na categoria tiras de jornal com roteiro de Paulo Batista. Seus mais recentes trabalhos foram ilustrações para os livros infantis e infanto-juvenis A Poesia do ABC (Cuca Fresca Edições), de Alcides Buss; Pontos na Barriga (Saraiva), de Tânia Alexandre Martinelli; Poemas Avoados (Saraiva), de Leo Cunha e Dúvidas, Segredos e Descobertas (Coleção Jabuti), de Helena Carolina. Nessa entrevista, ela nos conta um pouco dessa tragetória:

Como foi o início de sua carreira?
Acho que todo desenhista já nasce desenhando, é uma coisa que vem no sangue, como gostar de doces mais do que salgados e essas coisas. Quando se é criança, se desenha com mais prazer porque não há ninguém do lado questionando o estilo ou criticando a técnica, é puro prazer e descobrimento. Eu, particularmente, sofri um pouco quando entrei na escola primaria, pois a minha professora me proibiu de desenhar. Segundo ela, as outras crianças poderiam ficar inibidas porque meu desenho estava um pouquinho mais desenvolvido e assim fui obrigada a desenhar pessoas feitas de “palitos e bolinhas”. Lembro que isso foi terrível para mim, já que na época eu tinha 6 ou 7 anos. Na adolescência, comecei a desenhar umas coisas “mutcho loucas” , com alguma influência do surrealismo, mas usando técnicas do cartum. Mais tarde comecei a fazer quadrinhos de forma amadora , bastante influenciada pela revista El Vibora (Espanha), gostava muito e ainda gosto do trabalho de Nazario e as aventuras de Ranxerox (Tamburini e Liberatore) e quadrinhos underground americanos como os de Robert Crumb. Foi nessa época que publiquei uns poucos trabalhos na Revista Fierro, num suplemento para novos talentos, várias ilustrações na Revista Cerdos & Peces e participei de uma coletiva no Centro Cultural Recoleta antes de resolver que definitivamente não tinha nascido para morar na Argentina e me mudar para o Brasil. Cheguei no Brasil com uma pasta muito esquisita, cheia de desenhos de estilos insólitos, tudo muito underground e “punk”. Fui parar na Revista Animal, que infelizmente bem naquela época tinha fechado. Logo depois comecei a ilustrar alguns jornais sindicais do PT e na Revista Isto É Minas.

Por que você acha que a maioria dos desenhistas são homens?
Será mesmo? Mariza, Cahu, Priscila Farias, Lúcia Brandão, Cris Burger, Jinnie Pak, Eva Furnari, Maitena, Laurabeatriz…e quantas outras? Não tenho certeza se há muitos mais desenhistas homens do que mulheres, talvez haja mais desenhistas e cartunistas homens conhecidos pelo grande público, com um trabalho autoral, muitas vezes mais voltado para a área política, mas eu também conheço muitas desenhistas mulheres trabalhando na área de livros infantis, animação, mangá, livros didáticos, arte final, etc, só que nessas áreas o nome do artista não é tão divulgado, aparece em letras pequenas num canto do livro ou da revista e ninguém lê. Sempre sugiro que algum estudante faça uma tese de mestrado sobre este assunto, com uma boa pesquisa sobre a produção nacional ou, internacional, para usarmos como referência, mas ate agora não consegui convencer ninguém.

Fale um pouco sobre os seus trabalhos nas revistas que você participou:
Na revista Show Bizz, que naquela época se chamava apenas Bizz, cheguei a fazer algumas ilustrações naquele estilo mais quadrinho como eu fazia na Argentina, assim como na Revista Caros Amigos. Na Revista Caricia arrisquei a fazer um estilo que eu não dominava muito, meus desenhos eram pesados e meus personagens tinham umas caras muito feias, todos eram deformados, cheios de verrugas e pêlos, tinham seios exagerados, etc…Rsss! Mas acabei me dando muito bem naquele estilo “teen”, e trabalhei por 4 anos desenhando a personagem Tininha Hortelã, e isso me abriu muitas portas para o desenho infantil. Outro trabalho que eu gostei muito de fazer foi o da Revista da Folha, a personagem Clô. Trabalhei na Gazeta Mercantil quando morei em Fortaleza. Foram quase três anos fazendo ilustrações diárias, algumas vinhetas, e eventualmente uma charge ou um bico de pena. O fato de ter que fazer ilustrações diárias foi uma experiência interessante pois você fica em forma, como quem malha todos os dias.

E as criações de capas de Cds e livros infantis?
As capas de Cds foram produzidas para a Paradoxx, através do estudio de design gráfico Quarto Mundo. Foi muito bacana pois tive a oportunidade de experimentar técnicas e materiais diferentes, como massinha, montagem, confecção de objetos de papel maché, esculturas, colagens. Foi uma experiência muito enriquecedora em termos de técnica. Atualmente estou trabalhando com um amigo meu, roteirista e ilustrador, produzindo material para livros infantis com muito carinho, em breve estarão nas prateleiras!

Existe algum desenhista que a inspirou no início de sua carreira?
Como toda criança, adorava assistir desenhos da Disney, também gostava dos gibis de Quinterno e Garcia Ferrer: Patoruzú, Isidoro, Hijitus, mas tarde de Quino: Mafalda e os quadrinhos de Fontanarrosa: “Las aveturas de Inodoro Pereira y su perro Mendieta” e “Boogie, el aceitoso”. Ao crescer me apaixonei pelo mundo dos quadrinhos chamados de underground, tanto europeus como americanos, mas não acho que tenham me influenciado tanto no resultado final do meu trabalho, talvez sim no começo da minha profissão.
Algo que acho muito interessante é o projeto das HQs em forma de livro nas escolas para o aluno firmar mais ainda o seu aprendizado, pois qualquer criança gosta de ler uma historinha em quadrinhos. O que você acha desse projeto?
Acho legal, sim, sobretudo para despertar o interesse pela leitura nas crianças pequenas, mas também acho fundamental a leitura de livros. Hoje em dia parece que existe uma tendência para dar tudo digerido e simplificado para as crianças. Parece haver uma obsessão para transformar a educação em algo necessariamente divertido. Não entendo, acho que as crianças têm que crescer sabendo que nem tudo vai ser tão divertido assim na vida o processo de aprendizagem pode ser custoso e difícil. Ao meu ver, a educação está deixando de lado o conteúdo, simplificando demais. Hoje em dia tem que ser quase um palhaço ou um ator para conseguir prender a atenção dos alunos . Pode- se usar o quadrinho, por exemplo, para fixar algum fato histórico, para enriquecer o currículo escolar, para ensinar às crianças a fixar a atenção, para estimular o prazer pela leitura mas não se pode, de forma alguma, dispensar os livros, as crianças têm que aprender a interpretar textos mais longos e complexos. Não podem ter medo dos livros! Você pode ate achar estranho eu dizer isto, gostando tanto de quadrinhos mas o fato é que cada vez as crianças aprendem a ler mais tarde e lêem menos. Isso me assusta, quadrinhos podem ajudar a mudar esse quadro desde que sejam usados criteriosamente.

Como você acha que anda a cultura no Brasil em relação aos outros países?
O Brasil é um país com uma riqueza cultural imensa e muito forte , com muita personalidade. Isso sempre me chamou a atenção. Acho que é um país musical e visual e talvez por isso, os quadrinhos tenham tudo a ver com o Brasil.

E onde está o nosso lado forte?
O lado forte eu penso que é a música, alem de ter personalidade e qualidade, é insuperável!

E o nosso lado fraco?
O que precisa ser fortalecido, assim como no resto de América Latina, é a educação. Os governos precisam investir de verdade em educação, em programas de alfabetização para adultos, em educação com conteúdo, questionadora e que ensine a pensar.

Eu leio muito e indico o livro "Desvendando os Quadrinhos - Autor: Scott MacCloud, Editora: M.Books. Você indica algum livro que trás referência aos quadrinhos ou a arte em geral?
O livro do Maccloud é muito interessante mas eu gosto de indicar e ler quadrinhos mesmo. Durante algum tempo frequentei a Gibiteca Henfil, quando ficava no outro local, perto do Metrô Vila, mas infelizmente hoje se encontra meio abandonada e tem poucos títulos. Para “desvendar “ os quadrinhos recomendo ler : Hugo Pratt, Will Eisner, Moebius, Guido Crepax, Milo Manara, H.G. Oesterheld, Enrique e Alberto Breccia.

Conheço ótimos desenhistas como o Tibúrcio, o Rico, Velasco, Joacy Jamys, Calazans, Moura, Jorge Barreto, Juska e muito outros como você, no qual todos tem um traço e uma técnica inigualáveis. Você gostaria de comentar sobre mais algum desenhista ou ilustrador que tenha traços e técnicas irreverentes?

Sim! Sou fã de vários artistas brasileiros. Dizer que gosto do trabalho do Laerte, do Gonzales e do Angeli é meio obvio, mas não quero deixar de citá-los pois são demais. Admiro muito, também, o trabalho de Mario Vale, ele tem um traço muito pessoal e consegue passar uma mensagem forte e contundente com um estilo de aparência singela. Acho isso genial! Também gosto e recomendo os cartuns e tiras do Gilmar e do Junião. Outro que admiro é o Spacca, é um artista genial, brilhante! As caricaturas dele são de uma sensibilidade e qualidade que poucos conseguem alcançar, com um traço simples e certeiro.

Fale sobre os seus prêmios e participações em salões de humor?
Participei do Primeiro Concurso Nacional de Quadrinhos (HQ BRASIL) ficando com o primeiro lugar na categoria tiras de jornal (roteiro do Paulo Batista) e tive cartuns selecionados no Salão de Piracicaba e no Salão Pernambucano de Humor no ano 1999 e 2003.

O imbróglio da Internet no mundo dos fanzines

Por: Alex Sampaio*

Fanzine é um meio de comunicação, podendo ser produzido por diversos estilos ou assuntos. O que diferencia o fanzine de outros jornais é a liberdade de expressão que nele encontramos. Nele encontramos diversos assuntos. Existem fanzines sobre os mais variados temas, desde histórias em quadrinhos, música, cinema, poesia ou arte. Na maioria das vezes, os fanzines são xerocados, mas nos últimos anos, com a tecnologia ao alcance de todos, os fanzines melhoraram bastante sua qualidade gráfica. No resumo, fanzine é uma abreviação de fanatic magazine, mais propriamente da aglutinação da última sílaba da palavra magazine (revista) com a sílaba inicial de fanatic. Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor, mas basicamente feita de maneira artesanal, sem muitos investimentos na sua apresentação. Para o editor, o que conta mesmo é o seu conteúdo.

No Brasil o termo fanzine é genérico para toda produção independente. Houve uma distinção entre fanzine e produção independente, mas a disseminação do termo "fanzine", fez com que toda a produção independente no Brasil fosse denominada fanzine.

O primeiro fanzine brasileiro foi o Ficção, criado por Edson Rontani em 1965 em Piracicaba, São Paulo. Criado em uma época que o termo que definia produção independente era "boletim", o fanzine trazia textos infomativos e uma interessante relação de publicações brasileiras de quadrinhos desde 1905. Os Zineiros afirmam, sem pestanejar, que os fanzines que hoje conhecemos surgiram no final da década 70, junto com o movimento punk na Inglaterra. Existem os que afirmam que eles teriam surgido nos Estados Unidos, na década de 30 do século XX, em plena grande depressão americana. De acordo com essa versão, o primeiro fanzine dessa época, então conhecido como fanmag, foi publicado por Ray Palmer para o Science Correspondence Club, em maio de 1930. O fanmag chamava-se The Comet e falava de cinema e literatura de ficção científica.

Em 1941, o americano Louis Russel Chauvenet teve a idéia de chamar essas publicações de fanzine, juntando as palavras fan e magazine. Nessa época usava-se o mimeógrafo. Ainda na década de 30, foi criado algo que mudaria para sempre a história dos fanzines: A xerox, inventada por Chester Carlson. Com o incremento dessa descoberta, os fanzines ganharam outros contornos para a disseminação da sua proposta. Com o advento da fotocopia em Xerox, as tiragens também aumentaram, dando a oportunidade de leitura a mais pessoas. Sem dúvida, foi um grande avanço.

No cenário brasileiro, os fanzines cresceram principalmente no meio underground, onde sua disseminação atingia uma enorme fatia da segmentação. Nele, era possível saber o que estava rolando no Brasil e no mundo. Era o espaço para se comunicar de fato.

Nesse contexto de tantas publicações independentes, podemos encontrar todo tipo de opinião, inclusive as mais radicais. Embora a grande maioria dos autores optem por abordar temas culturais, os fanzines também despertam para temas anárquicos e políticos. Críticas e protestos existem e são conhecidos no meio.

Os fanzines nascem espontâneos, sem auto-crítica e arfando de ansiedade por ser conhecido e conhecer outros párias como ele. Os editores buscam uma afirmação no meio, para que seja satisfatória sua permanência por um longo período. Geralmente o autor escreve sobre aquilo que gosta e tem afinidade. A distribuição basicamente é gratuita e quase sempre na forma de permuta. Os Correios são o elo principal na integração desse meio, pois distribuem as publicações para todos os leitores que participam dos contatos. Feito de pequenas tiragens, os fanzines têm como distribuidor principal, justamente a via postal, por ser uma produção independente, tornando o custo o mais acessível para viabilizar a continuidade do mesmo.

Muitos editores de fanzines alegam que resolveram partir para a iniciativa de publicar algo, movido principalmente pela insatisfação de não encontrar nada que lhes agradassem em banca. Um dos fatores mais problemáticos para quem edita fanzine, é sem dúvida a venda do seu produto. Como vender algo em que todos os leitores são basicamente também editores? Viver de permuta é algo complicado. A impressão é a alma do negócio e imprimir um zine com 40 páginas custa caro. Entende-se por aí, que permutar publicações é algo que não mantém um fanzine por muitos números. Outro problema enfrentado pelos editores, é quanto a distribuição. O custo de remessa tem subido muito. Os Correios reajustam as tarifas com certa freqüência e muitos editores ficam inviabilizados de prosseguirem com suas publicações. Se o editor tem recursos, vai ter uma tiragem dos sonhos, e a distribuição conseqüentemente melhora. Mais vendas, mais divulgação, mais anunciantes e assim o caminho segue.

Percebe-se perfeitamente, que para manter uma publicação por muitos anos, é preciso melhorar sempre, crescer em todos os sentidos e ser fiel ao seu intento, que é encher de informação, informação e informação as páginas de cada edição. Seguir fazendo um trabalho sério e conhecer sobre o que se escreve.

Oscar Cristiano Kern foi um dos pioneiros dos fanzines no Rio Grande do Sul e no Brasil. Sua publicação independente, a Historieta, se estendeu de 1972 a 2003, sendo o zine com maior longevidade na história do Brasil. Com este trabalho, Kern contribuiu muito para a divulgação de novos artistas e posteriormente se profissionalizaram no mercado editorial e artístico brasileiro. Foram anos dedicados a Historieta, que ficou famosa pelo seu formato horizontal. Quem teve a oportunidade de conhecer este fanzine, jamais esquecerá. Kern caprichava na elaboração e na escolha das HQs que seriam publicadas em cada número. Kern Também trabalhou para a Editora Abril criando histórias para personagens como Tio Patinhas, Donald, Mickey, Pateta, Aristogatas, Peninha e Zé Carioca.

Um dos grandes questionamentos atualmente sobre publicação de fanzines, é quanto ao seu modelo. Se no modo impresso, dando prosseguimento a sua origem, ou se do modo virtual, acompanhando a evolução da tecnologia via Internet.

A alegação para uma mudança brusca para a Internet, é devido principalmente ao alcance nacional e mundial que essa ferramenta possibilita. Os fanzines a algumas décadas, possuía uma comunicação muito lenta e o alcance muito limitado. Graças ao trabalho incansável de alguns abnegados, eles sobrevivem até hoje, mesmo com toda a dificuldade de distribuição, impressão e recursos ínfimos.

Um fanzine de sucesso, que alcança uma venda de 50 exemplares tem seu trabalho sendo correspondido por no máximo, 300 pessoas. Claro que fanzines, feitos em capitais com distribuição local, podem alcançar números muito, mas muito mais expressivos. Mas fora do seu gueto não vendem tanto. Assim sendo, com o advento da rede mundial de computadores, o alcance é ilimitado e sem dúvida, o custo bem mais baixo. Outro fator determinante para uma reflexão acerca do assunto, é a capacidade de se atualizar as notícias de maneira instantânea. Outro ponto a favor da nova tecnologia, é o excelente acabamento gráfico que se pode dar ao trabalho virtual. Isso possibilita uma leitura mais agradável.

Assim sendo, a rede é um excelente negócio, seja lá qual for sua finalidade. É uma oportunidade ao alcance de todos. Os editores de zines podem aproveitar a rede para se mostrarem ao mundo. O contato com os leitores é muito mais próximo, mais rápido e barato do que em publicações impressas. Se bem que o papel é muito mais agradável na opinião de muitos.

Um detalhe importante sobre o uso da Internet, é que ler na tela do computador é diferente de ler um livro. A Internet está quebrando o estilo de leitura linear e concentrada, própria dos livros. Ou seja, as pessoas estão lendo menos e pior. Assim como a cultura oral já esteve em decadência um dia, é a vez da escrita passar a ter menos relevância. Como a televisão mostrou sua importância na década de 70, como um meio capaz de proporcionar experiências culturais enriquecedoras, ela nos trouxe uma perda grande para a leitura.

A melhor maneira de conviver com tantos conflitos culturais, é aceitar todas as formas de cultura, desde a cultura oral até a cibercultura. É conviver e sincronizar na constituição de uma trama cultural hiper complexa e híbrida.

Os estudiosos são enfáticos em dizer que o lugar ocupado pela escrita nunca será ocupado, pois ela é a única fonte de informação oficial no mundo. Ela desperta a magia da história e o sentimento em que o autor colocou no papel. Qual é o tipo de tecnologia que desperta o conhecimento de uma forma imaginária? O Livro sempre será único!

Na verdade, a Internet é cansativa e não tem a mesma versatilidade que o livro. Nessa mesma linha, podemos imaginar que embora a tecnologia da internet se mostre forte para busca de informações, ela apenas aflora mais um modo de leitura, mas nunca tomará o lugar da escrita no papel, já que na rede mundial as fontes de informações não são tão seguras e nem tudo que é encontrado na internet é válido. Logo, eis uma boa reflexão para se fazer a respeito da leitura da internet X livros.

Será que as publicações em papel estão mesmo em decadência? O fim está mais próximo? Fica a pergunta para reflexão. Creio que haverá uma grande discussão sobre o tema, onde muitos se mostrarão a favor do papel impresso e uns tantos outros defenderão a Internet como futuro da HQ nacional.

*Alex Sampaio é colecionador de gibis, editor do zine Made in Quadrinhos e colunista de diversos sites na Internet.

O Pós Modernismo nos Quadrinhos

Por: Afrânio Garcia

Os últimos vinte e cinco anos do século XX podem muito bem ser chamados de “era da desilusão”. Após um começo de século em que se tinha grandes esperanças na guerra, veio um meio de século em que se tinha grandes esperanças na paz, culminando com o tempo dos hippies, do “flower power” e do “paz e amor”. A partir dos anos setenta, porém, perdeu-se a esperança num futuro brilhante e passou-se a viver exclusivamente para o presente, procurando apenas nos adaptar e habituar a viver com as imperfeições, erros e misérias que a vida nos destina, desde as pichações nos muros até o tráfico de drogas desenfreado, praticamente em todas as grandes cidades do mundo.


Nesse contexto, as histórias em quadrinhos tiveram que se modificar, já que um herói tornou-se uma coisa inviável num mundo em que o indivíduo significa muito pouco (e a propaganda insiste em apresentar o indivíduo como algo ainda mais insignificante) e há muito pouca aventura possível para aqueles que não controlam o poder. Assim sendo, as histórias em quadrinhos pós-modernas mostram: violência desenfreada; ignorância e escatologia, impotência e servidão, o nada do fim do nosso século.


A ultra violência é talvez a característica mais marcante dos heróis das histórias em quadrinhos depois de 1980. Isso é facilmente explicado pela falência da sociedade civil e pelo descrédito do cidadão comum na lei.


Num mundo em que o heroísmo não tem mais lugar, em que o sentimento de impotência do indivíduo diante de coletividades e corporações tentaculares é opressivo, resta ao herói bem pouco espaço para existir. Neste mundo desindividualizado, o herói passa a ser um exilado, um “outcast”, um ser marginalizado, já que a sociedade pós-moderna não lhe possibilita o exercício de seu heroísmo. Neste sentido, o herói pós-moderno assemelha-se ao herói romântico, nessa perspectiva escapista que ambos possuem, de viverem num mundo só deles, distante do mundo real.


Mas a esperança no futuro não foi absolutamente abandonada nos heróis das histórias em quadrinhos pós-modernos. Embora o último quarto do século XX possa justificar o verso de Drummond, “agora é tempo de fezes e maus poemas”, o autor de histórias em quadrinhos, conscientemente ou inconscientemente, crê na possibilidade de um Renascimento em um tempo futuro e apresenta vários arautos deste Renascimento. Com esses personagens, que tudo sabem e nada fazem, sempre à espera de um Renascimento que virá, retratam nossas frustrações e esperanças num mundo em que o indivíduo é, cada vez menos, parte integrante na construção da sociedade à qual pertence.