Uma exposição no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, estará exibindo
as obras de dois artistas pioneiros da arte homoerótica: o fotógrafo americano
Bob Mizer (1922-1992) e o ilustrador finlandês Touko Laaksonen. Os dois
trabalharam juntos na revista Physique
Pictorial, criada por Mizer para difundir sua obra e a de outros
artistas. A mostra conjunta, é a primeira a explorar simultaneamente o trabalho
dos dois artistas. Eles inovaram ao exibir personagens reveladamente
homossexuais em uma época em que os gays eram perseguidos pela polícia e
sofriam discriminação social nos Estados Unidos e na Europa. Na obra de Touko
Laaksonen, que começou a publicar quadrinhos cômicos na década de 50, figuram
homens musculosos, em atitude provocante, vários deles vestidos com roupas de
couro que ressaltam os órgãos sexuais. No final dos anos 50, Touko Laaksonen
começou a colaborar com a Physique
Pictorial. Este tipo de publicação, que, em teoria, era dedicada a promover
o exercício físico, servia para driblar a censura numa época que o nu masculino
era proibido. Em 1945, Bob Mizer fundou o Athletic Model Guild, dedicado à
produção e distribuição de material fotográfico e curta-metragens cujo tema
principal era a nudez masculina. Tanto Mizer como Tom da Finlândia eram autores
eróticos cujo trabalho era amplamente conhecido no submundo gay mesmo antes das
passeatas e campanhas públicas por direitos civis de homossexuais americanos
nos anos 60. No começo dos anos 40, quando Mizer começou a divulgar sua obra
publicamente, a publicação de nus masculinos era praticamente impensável. Mesmo
assim, estima-se que, em seu estúdio no Athletic Model Guild, Mizer chegou a
tirar cerca de um milhão de fotografias. Touko Laaksonen criou algumas das
imagens mais icônicas da cultura gay do período pós-guerra, em que muitos dos
protagonistas eram musculosos marinheiros, motoristas, policiais, soldados ou
caubóis vestidos com roupas justas. Heróis orgulhosos de ser homossexuais. O
desenhista acabou envolvido em polêmicas geradas por alguns desenhos seus em
que os protagonistas usavam uniformes nazistas e que acabou retirando de
circulação. No começo, Mizer fotografava homens como fisiculturistas ou em
duplas que simulavam estar lutando. Frequentemente, as imagens mostravam os
genitais e eram claramente homoeróticas. Mizer tirava uma média de 60 fotos por
dia e trabalhava sete dias por semana. Acredita-se que por seu estúdio tenham
passado mais de 10 mil modelos masculinos, a quem também imortalizou em
milhares de curta-metragens. A obra de Mizer e Touko Laaksonen influenciou toda
uma geração de artistas, tanto heterossexuais como homossexuais, entre eles se
destacam os cineastas Rainer Werner Fassbinder e John Waters, o fotógrafo
Robert Mapplethorpe e os artistas David Hockney e Andy Warhol.
2 comentários:
Não curto!
Excelente texto! Enfim, um blog bem atualizado e com matérias diferenciadas.
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