1/23/2014

Arte homoerótica desafia o preconceito nos EUA


Uma exposição no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, estará exibindo as obras de dois artistas pioneiros da arte homoerótica: o fotógrafo americano Bob Mizer (1922-1992) e o ilustrador finlandês Touko Laaksonen. Os dois trabalharam juntos na revista Physique Pictorial, criada por Mizer para difundir sua obra e a de outros artistas. A mostra conjunta, é a primeira a explorar simultaneamente o trabalho dos dois artistas. Eles inovaram ao exibir personagens reveladamente homossexuais em uma época em que os gays eram perseguidos pela polícia e sofriam discriminação social nos Estados Unidos e na Europa. Na obra de Touko Laaksonen, que começou a publicar quadrinhos cômicos na década de 50, figuram homens musculosos, em atitude provocante, vários deles vestidos com roupas de couro que ressaltam os órgãos sexuais. No final dos anos 50, Touko Laaksonen começou a colaborar com a Physique Pictorial. Este tipo de publicação, que, em teoria, era dedicada a promover o exercício físico, servia para driblar a censura numa época que o nu masculino era proibido. Em 1945, Bob Mizer fundou o Athletic Model Guild, dedicado à produção e distribuição de material fotográfico e curta-metragens cujo tema principal era a nudez masculina. Tanto Mizer como Tom da Finlândia eram autores eróticos cujo trabalho era amplamente conhecido no submundo gay mesmo antes das passeatas e campanhas públicas por direitos civis de homossexuais americanos nos anos 60. No começo dos anos 40, quando Mizer começou a divulgar sua obra publicamente, a publicação de nus masculinos era praticamente impensável. Mesmo assim, estima-se que, em seu estúdio no Athletic Model Guild, Mizer chegou a tirar cerca de um milhão de fotografias. Touko Laaksonen criou algumas das imagens mais icônicas da cultura gay do período pós-guerra, em que muitos dos protagonistas eram musculosos marinheiros, motoristas, policiais, soldados ou caubóis vestidos com roupas justas. Heróis orgulhosos de ser homossexuais. O desenhista acabou envolvido em polêmicas geradas por alguns desenhos seus em que os protagonistas usavam uniformes nazistas e que acabou retirando de circulação. No começo, Mizer fotografava homens como fisiculturistas ou em duplas que simulavam estar lutando. Frequentemente, as imagens mostravam os genitais e eram claramente homoeróticas. Mizer tirava uma média de 60 fotos por dia e trabalhava sete dias por semana. Acredita-se que por seu estúdio tenham passado mais de 10 mil modelos masculinos, a quem também imortalizou em milhares de curta-metragens. A obra de Mizer e Touko Laaksonen influenciou toda uma geração de artistas, tanto heterossexuais como homossexuais, entre eles se destacam os cineastas Rainer Werner Fassbinder e John Waters, o fotógrafo Robert Mapplethorpe e os artistas David Hockney e Andy Warhol.

2 comentários:

Rogeblow disse...

Não curto!

Murilo disse...

Excelente texto! Enfim, um blog bem atualizado e com matérias diferenciadas.