A publicação `Hentai - A sedução do mangá´ traz uma visão histórica e crítica do fenômeno artístico
O bizarro, como seres surreais, aparece nas cenas de sexo!
O fascínio pela cultura pop japonesa tem crescido a olhos vistos. Se antigamente os produtos que traziam samurais e lutas marciais se colocavam na linha de frente, hoje os mangás e animês são o principal produto de exportação da arte nipônica. Um subgênero erótico do mangá, o hentai (que significa pervertido), tem público cativo no Japão e seu prestigio cresceu no Brasil.
Os primórdios do mangá datam do século XII, com as primeiras separações nítidas entre texto e pintura. O desenho aparecia com maior destaque que os textos, algo que ainda é regra geral no mangá moderno. A partir da Era Edo (1615-1868), os trabalhos se popularizaram, ainda como estampas independentes, trazendo uma única ilustração. Nesta época, já surgiu o primeiro filão erótico de ilustrações, conhecido como shunga, que podia ser vendido - ainda que de forma velada - como folhas avulsas ou em forma de livros.
Mas o fenômeno dos mangás como são conhecidos hoje, ocorreu a partir da década de 50. Hoje, essas revistinhas, que são lidas de trás para frente, chegam a tiragens de até um milhão de exemplares, tendo o Brasil e os Estados Unidos entre os maiores mercados. E o hentai segue como importante vertente, com um público específico e explorando desde o filão mais soft, chamado de ecchi, até os mais pesados como futanari (com hermafroditas), kemono (com animais) e ero-guro (com cenas de estupro, sexo bizarro e escatologia), passando por aqueles que preferem retratar garotas e garotos jovens (lolicon e shotacon, respectivamente).
Mesmo com uma imagem recatada e rígida, a sociedade japonesa é uma das que mais consomem produtos pornográficos, desde hentai até filmes eróticos e jogos eletrônicos pornôs. E os diversificados - e muitas vezes politicamente incorretos - temas explorados pelos hentai mostram que não há limite para a imaginação nipônica. Os mangás eróticos são considerados como válvula de escape para as fantasias do povo japonês que, se não costuma extravasar a sexualidade em ambientes públicos, pode assim fazer com os quadrinhos pornôs. E, mesmo quando tratam de temas problemáticos, como incesto, estupro e pedofilia, os criadores costumam justificar o trabalho como algo que não sai do papel, servindo inclusive como modo de evitar que tais atos ocorram na vida real.
Como bem ilustra o manual, o hentai - também conhecido como ero-mangá e h-mangá - se caracteriza por retratar os órgão sexuais masculino e feminino em tamanhos bem maiores do que o normal. Grande parte das imagens, porém, é publicada de modo distorcido ou com tarjas, devido à censura que se aplicou no Japão ao gênero, logo após a sua popularização. A Associação de Pais e Mestres, temerosa com a influência dos mangás eróticos entre as crianças, exige que o pênis e a vagina não sejam mostrados de modo explícito e que os pêlos pubianos não sejam representados. Estas restrições provocam conseqüências como a reprodução dos seios em tamanhos por vezes surreais (para compensar a omissão da vagina) e o rejuvenescimento dos personagens, por conta da ausência de pêlos, aludindo à pedofilia. Vale ressaltar que isso inclui apenas a produção elaborada para o mercado japonês, pois o material exportado não atende a essas exigências. Isso acaba alimentando o setor clandestino e também favorece a internet, que está recheada de imagens do gênero.
Convenções das fantasias
Um dos capítulos mais interessantes de Hentai - A sedução do mangá é Convenções do hentai mangá, que apresenta algumas das regras gerais que são seguidas pelos desenhistas. Numa rápida lida, já dá para perceber a tendência: mesmo que o gozo seja primordial, a posição da mulher tem que ser submissa. A sociedade japonesa é conhecida por ser especialmente patriarcal e machista e, como não poderia deixar de ser, os hentai mangás refletem isso. As personagens do sexo feminino aparecem, muitas vezes, em posições e situações humilhantes, atendendo a fetiches masculinos, vestidas de professoras, empregadas, enfermeiras e colegiais.
Para começar, a convenção número um já diz que todas as mulheres que aparecem nas histórias são bissexuais ou pelo menos vão descobrir que são, caso sejam expostas a essa situação. O homossexualismo, quando retratado, é quase sempre entre mulheres. Mais à frente, afirma-se que estupro não existe no hentai, pois, mesmo forçada, a mulher passa a apreciar e "até começa a pedir mais". Independente do tamanho do órgão sexual masculino, ela vai agüentar a dor do coito e ficará, inclusive, contente. Ao pegar o marido praticando adultério, geralmente aceita e até se junta aos dois. Já o homem é retratado sempre como um ser forte, dominador, com pênis gigante, capaz de ejacular quantas vezes for necessário e de "satisfazer de três a dez mulheres de uma só vez". A recorrência indiscutível de todo hentai é o ato sexual, como deixa claro a última das convenções: "E, finalmente, quaisquer personagens, a qualquer hora, em qualquer hentai mangá, farão sexo".
Um comentário:
Adoro fazer hentai, tenho algumas hq eróticas, inéditas. Adoro fazer hq Hentai de estudantes. Editoras interessadas:
email- grego.desenho@gmail.com
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