Fanzine é um meio de comunicação, podendo ser produzido por diversos estilos ou assuntos. O que diferencia o fanzine de outros jornais é a liberdade de expressão que nele encontramos. Nele encontramos diversos assuntos. Existem fanzines sobre os mais variados temas, desde histórias em quadrinhos, música, cinema, poesia ou arte. Na maioria das vezes, os fanzines são xerocados, mas nos últimos anos, com a tecnologia ao alcance de todos, os fanzines melhoraram bastante sua qualidade gráfica. No resumo, fanzine é uma abreviação de fanatic magazine, mais propriamente da aglutinação da última sílaba da palavra magazine (revista) com a sílaba inicial de fanatic. Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor, mas basicamente feita de maneira artesanal, sem muitos investimentos na sua apresentação. Para o editor, o que conta mesmo é o seu conteúdo.
No Brasil o termo fanzine é genérico para toda produção independente. Houve uma distinção entre fanzine e produção independente, mas a disseminação do termo "fanzine", fez com que toda a produção independente no Brasil fosse denominada fanzine.
O primeiro fanzine brasileiro foi o Ficção, criado por Edson Rontani em 1965 em Piracicaba, São Paulo. Criado em uma época que o termo que definia produção independente era "boletim", o fanzine trazia textos infomativos e uma interessante relação de publicações brasileiras de quadrinhos desde 1905. Os Zineiros afirmam, sem pestanejar, que os fanzines que hoje conhecemos surgiram no final da década 70, junto com o movimento punk na Inglaterra. Existem os que afirmam que eles teriam surgido nos Estados Unidos, na década de 30 do século XX, em plena grande depressão americana. De acordo com essa versão, o primeiro fanzine dessa época, então conhecido como fanmag, foi publicado por Ray Palmer para o Science Correspondence Club, em maio de 1930. O fanmag chamava-se The Comet e falava de cinema e literatura de ficção científica.
Em 1941, o americano Louis Russel Chauvenet teve a idéia de chamar essas publicações de fanzine, juntando as palavras fan e magazine. Nessa época usava-se o mimeógrafo. Ainda na década de 30, foi criado algo que mudaria para sempre a história dos fanzines: A xerox, inventada por Chester Carlson. Com o incremento dessa descoberta, os fanzines ganharam outros contornos para a disseminação da sua proposta. Com o advento da fotocopia em Xerox, as tiragens também aumentaram, dando a oportunidade de leitura a mais pessoas. Sem dúvida, foi um grande avanço.
No cenário brasileiro, os fanzines cresceram principalmente no meio underground, onde sua disseminação atingia uma enorme fatia da segmentação. Nele, era possível saber o que estava rolando no Brasil e no mundo. Era o espaço para se comunicar de fato.
Nesse contexto de tantas publicações independentes, podemos encontrar todo tipo de opinião, inclusive as mais radicais. Embora a grande maioria dos autores optem por abordar temas culturais, os fanzines também despertam para temas anárquicos e políticos. Críticas e protestos existem e são conhecidos no meio.
Os fanzines nascem espontâneos, sem auto-crítica e arfando de ansiedade por ser conhecido e conhecer outros párias como ele. Os editores buscam uma afirmação no meio, para que seja satisfatória sua permanência por um longo período. Geralmente o autor escreve sobre aquilo que gosta e tem afinidade. A distribuição basicamente é gratuita e quase sempre na forma de permuta. Os Correios são o elo principal na integração desse meio, pois distribuem as publicações para todos os leitores que participam dos contatos. Feito de pequenas tiragens, os fanzines têm como distribuidor principal, justamente a via postal, por ser uma produção independente, tornando o custo o mais acessível para viabilizar a continuidade do mesmo.
Muitos editores de fanzines alegam que resolveram partir para a iniciativa de publicar algo, movido principalmente pela insatisfação de não encontrar nada que lhes agradassem em banca. Um dos fatores mais problemáticos para quem edita fanzine, é sem dúvida a venda do seu produto. Como vender algo em que todos os leitores são basicamente também editores? Viver de permuta é algo complicado. A impressão é a alma do negócio e imprimir um zine com 40 páginas custa caro. Entende-se por aí, que permutar publicações é algo que não mantém um fanzine por muitos números. Outro problema enfrentado pelos editores, é quanto a distribuição. O custo de remessa tem subido muito. Os Correios reajustam as tarifas com certa freqüência e muitos editores ficam inviabilizados de prosseguirem com suas publicações. Se o editor tem recursos, vai ter uma tiragem dos sonhos, e a distribuição conseqüentemente melhora. Mais vendas, mais divulgação, mais anunciantes e assim o caminho segue.
Muitos editores de fanzines alegam que resolveram partir para a iniciativa de publicar algo, movido principalmente pela insatisfação de não encontrar nada que lhes agradassem em banca. Um dos fatores mais problemáticos para quem edita fanzine, é sem dúvida a venda do seu produto. Como vender algo em que todos os leitores são basicamente também editores? Viver de permuta é algo complicado. A impressão é a alma do negócio e imprimir um zine com 40 páginas custa caro. Entende-se por aí, que permutar publicações é algo que não mantém um fanzine por muitos números. Outro problema enfrentado pelos editores, é quanto a distribuição. O custo de remessa tem subido muito. Os Correios reajustam as tarifas com certa freqüência e muitos editores ficam inviabilizados de prosseguirem com suas publicações. Se o editor tem recursos, vai ter uma tiragem dos sonhos, e a distribuição conseqüentemente melhora. Mais vendas, mais divulgação, mais anunciantes e assim o caminho segue.
Percebe-se perfeitamente, que para manter uma publicação por muitos anos, é preciso melhorar sempre, crescer em todos os sentidos e ser fiel ao seu intento, que é encher de informação, informação e informação as páginas de cada edição. Seguir fazendo um trabalho sério e conhecer sobre o que se escreve.
Oscar Cristiano Kern foi um dos pioneiros dos fanzines no Rio Grande do Sul e no Brasil. Sua publicação independente, a Historieta, se estendeu de 1972 a 2003, sendo o zine com maior longevidade na história do Brasil. Com este trabalho, Kern contribuiu muito para a divulgação de novos artistas e posteriormente se profissionalizaram no mercado editorial e artístico brasileiro. Foram anos dedicados a Historieta, que ficou famosa pelo seu formato horizontal. Quem teve a oportunidade de conhecer este fanzine, jamais esquecerá. Kern caprichava na elaboração e na escolha das HQs que seriam publicadas em cada número. Kern Também trabalhou para a Editora Abril criando histórias para personagens como Tio Patinhas, Donald, Mickey, Pateta, Aristogatas, Peninha e Zé Carioca.
Um dos grandes questionamentos atualmente sobre publicação de fanzines, é quanto ao seu modelo. Se no modo impresso, dando prosseguimento a sua origem, ou se do modo virtual, acompanhando a evolução da tecnologia via Internet.
A alegação para uma mudança brusca para a Internet, é devido principalmente ao alcance nacional e mundial que essa ferramenta possibilita. Os fanzines a algumas décadas, possuía uma comunicação muito lenta e o alcance muito limitado. Graças ao trabalho incansável de alguns abnegados, eles sobrevivem até hoje, mesmo com toda a dificuldade de distribuição, impressão e recursos ínfimos.
Um fanzine de sucesso, que alcança uma venda de 50 exemplares tem seu trabalho sendo correspondido por no máximo, 300 pessoas. Claro que fanzines, feitos em capitais com distribuição local, podem alcançar números muito, mas muito mais expressivos. Mas fora do seu gueto não vendem tanto. Assim sendo, com o advento da rede mundial de computadores, o alcance é ilimitado e sem dúvida, o custo bem mais baixo. Outro fator determinante para uma reflexão acerca do assunto, é a capacidade de se atualizar as notícias de maneira instantânea. Outro ponto a favor da nova tecnologia, é o excelente acabamento gráfico que se pode dar ao trabalho virtual. Isso possibilita uma leitura mais agradável.
Assim sendo, a rede é um excelente negócio, seja lá qual for sua finalidade. É uma oportunidade ao alcance de todos. Os editores de zines podem aproveitar a rede para se mostrarem ao mundo. O contato com os leitores é muito mais próximo, mais rápido e barato do que em publicações impressas. Se bem que o papel é muito mais agradável na opinião de muitos.
Um detalhe importante sobre o uso da Internet, é que ler na tela do computador é diferente de ler um livro. A Internet está quebrando o estilo de leitura linear e concentrada, própria dos livros. Ou seja, as pessoas estão lendo menos e pior. Assim como a cultura oral já esteve em decadência um dia, é a vez da escrita passar a ter menos relevância. Como a televisão mostrou sua importância na década de 70, como um meio capaz de proporcionar experiências culturais enriquecedoras, ela nos trouxe uma perda grande para a leitura.
A melhor maneira de conviver com tantos conflitos culturais, é aceitar todas as formas de cultura, desde a cultura oral até a cibercultura. É conviver e sincronizar na constituição de uma trama cultural hiper complexa e híbrida.
Os estudiosos são enfáticos em dizer que o lugar ocupado pela escrita nunca será ocupado, pois ela é a única fonte de informação oficial no mundo. Ela desperta a magia da história e o sentimento em que o autor colocou no papel. Qual é o tipo de tecnologia que desperta o conhecimento de uma forma imaginária? O Livro sempre será único!
Na verdade, a Internet é cansativa e não tem a mesma versatilidade que o livro. Nessa mesma linha, podemos imaginar que embora a tecnologia da internet se mostre forte para busca de informações, ela apenas aflora mais um modo de leitura, mas nunca tomará o lugar da escrita no papel, já que na rede mundial as fontes de informações não são tão seguras e nem tudo que é encontrado na internet é válido. Logo, eis uma boa reflexão para se fazer a respeito da leitura da internet X livros.
Será que as publicações em papel estão mesmo em decadência? O fim está mais próximo? Fica a pergunta para reflexão. Creio que haverá uma grande discussão sobre o tema, onde muitos se mostrarão a favor do papel impresso e uns tantos outros defenderão a Internet como futuro da HQ nacional.
*Alex Sampaio é colecionador de gibis, editor do zine Made in Quadrinhos e colunista de diversos sites na Internet.
2 comentários:
Boa matéria, otimo trabalho!
Excelente texto!!!
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