As diretrizes fixadas para a publicação das histórias em quadrinhos estão tomando o caminho errado. Edito revistas e fanzines desde 1978 e coleciono quadrinhos desde 1967. São mais de 30 anos de experiência e prática. Nesse tempo, pude perceber que o público leitor brasileiro gosta de personagem fixo e não histórias avulsas. Tome-se por base a Kripta da RGE, de longa vida; Tex, no tempo da Vecchi, da Globo e hoje na Mythos; mesmo a linha Vertigo da Abril, mais intelectualizada, apresentava personagens fixos, como Hellblaizer; os heróis da Marvel e DC que nunca pararam de circular até hoje. Agora cite-me uma revista de HQ avulsa sem personagem fixo com vida longa...
O público brasileiro adora novela. Gosta de acompanhar a vida dos personagens como se fossem amigos. O público torce por eles, se empolga com as coisas boas que acontecem. Quem não se emocionou com o casamento do Fantasma? Quem não se angustiou com a morte de Gwen Stacy no Homem Aranha da EBAL? Quem não se penalizou com Frank Drake quando sua Jean se transformou em vampira e teve de ser morta, na Tumba de Drácula da Bloch? Quem não se chocou ao saber que o Dr. Alec Holland morrera e o Monstro do Pântano era só uma planta na aula de anatomia? A persistir a atual política editorial, este filão não poderá mais ser explorado.
Não adianta escrever histórias destinadas a intelectuais. Elas devem ser compreendidas também por gente mais simples. Se o texto não arrancar do leitor algum tipo de sentimento de identificação pessoal, ele fracassa.
Não é preciso encher a revista de personagens fixos, mas sim, destinar uma porcentagem das páginas a eles. O rigor deverá ser maior na seleção dos desenhos. Existem bons textos com desenhos sofríveis. Bons desenhos sempre cativam o leitor. As primeiras histórias a serem lidas devem ser sempre as melhores, para ‘pegar’ o leitor logo no primeiro momento que folhear a revista.
*Emir é o autor da personagem Velta, editor de vários fanzines e colecionador de gibis.
Um comentário:
O Emir é um cara fantástico!
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