Desde a década de 80, quando os primeiros mangás chegaram ao Brasil, os quadrinhos japoneses conquistaram legiões de fãs no país. Mangá é o nome dado às histórias em quadrinhos de origem japonesa. A palavra surgiu da junção de outros dois vocábulos: man, que significa involuntário, e gá, imagem. Os mangás se diferenciam dos quadrinhos ocidentais não só pela sua origem, mas principalmente por se utilizar de uma representação gráfica completamente própria. Pra começar, o alfabeto japonês se compõe de ideogramas que não só representam sons, mas também idéias. Assim, em um mangá o texto em geral, mas principalmente as onomatopéias, fazem parte da arte. A ordem de leitura dos mangás também é diferente daquela que estamos acostumados. Um livro japonês começa pelo que seria o fim de uma publicação ocidental. Além disso, o texto é disposto da direita para a esquerda. No mangá, a imagem tem mais peso que as palavras. Da-se grande importância ao contexto nas narrativas.
Outra característica peculiar dos mangás é que eles são publicados em volumes de mais ou menos 200 páginas cada, o que permite aos autores criar histórias mais longas e aprofundadas. Nos últimos tempos, a supremacia dos gibis ocidentais vem sendo ameaçada pela invasão dos mangás. E eles não chegam sozinhos. No meio audiovisual, os animes, ou desenhos animados japoneses, também estão dominando. Dessa forma, em um mangá é comum ver várias páginas só de imagens, sem diálogos, e também ações que se desenrolam por muitos quadrinhos e abordadas por diferentes pontos de vista. A disposição dos quadrinhos em uma página de mangá é diferente daquela que se costuma ver num comic americano, que costuma ter 3 ou 4 fileiras de quadrinhos por páginas. Como os mangakás (nome dado aos autores de mangás) dispõe de um espaço maior para contar sua históra, também empregam um número menor de quadrinhos por página - não é difícil ver página até sem quadrinhos, com uma única imagem estourada. Também é característica dos mangás serem feitos completamente em preto-e-branco e em papel jornal, o que torna o produto mais barato e faz com que ele seja consumido por todo tipo de pessoa - no Japão eles são lidos por crianças, estudantes, executivos, donas-de-casa…
Esses são apenas alguns pontos que caracterizam os mangás. Só que o principal é a capacidade que eles têm de encantar pessoas do mundo todo. Ler um mangá é uma experiência única. É mergulhar em um mundo próprio. Cheio de ação, emoção, heróis, criaturas mágicas e muita, muita diversão. Nas HQs ocidentais, a trajetória dos protagonistas pode permanecer a mesma durante anos e é possível prever o desenrolar de cada enredo. No mangá, os personagens se transformam constantemente, passando por diversas formas de apresentação — muitos, inclusive, envelhecem. E mesmo que determinada trama tenha alcançado muito sucesso, ela não volta a ser publicada. Os quadrinhos japoneses são notórios pela economia de texto e pela força das imagens. Descrições, narrações e diálogos geralmente são mínimos e ditam um ritmo de leitura acelerado. Por outro lado, as onomatopéias são presença marcante
Existem várias palavras relacionadas ao universo mangá, que com certeza para os que não acompanham a cultura milenar, torna-se uma tremenda confusão. Anime é um termo que designa os desenhos animados japoneses, também pode ser grafado como "anime". É a abreviação de "animation" e ganhou força nos anos 60 graças ao pioneiro do mangá Osamu Tezuka. Dojinshi é uma palavra que define os fanzines japoneses. Fanzine é um tipo de publicação amadora cujo nome vem da junção das palavras "fan" e "magazine". Existem fanzines no mundo todo sobre rock, poesias, cinema, quadrinhos e etc. Muitos se dedicam a publicar histórias feitas por amadores. Impressos em xerox ou off-set, os fanzines são a porta de entrada de muitos artistas em início de carreira. No Japão, a coisa não é diferente, mas o mercado dos dojinshi é bastante profissional. Impressões luxuosas são vendidas em convenções espalhadas pelo país e com desenhos que muitas vezes não deixam nada a dever às publicações profissionais. Hentai literalmente, significa "anormal" e é a palavra usada pra definir o material de mangá e anime de cunho erótico. Kaiju normalmente traduzido como "monstro", o termo ganhou popularidade com os "kaiju eiga" (ou "filmes de monstro"), que foram a base do cinema de ficção japonês. Iniciando com Godzilla em 1954, o gênero reinou nos anos 60, mas perdeu força com a invasão dos super-heróis para TV. Os "kaiju" mais famosos no Japão são: Godzilla, Mothra, Gamera, King Ghidra e Baltan (da saga da Família Ultra). Existem muitas outras palavras sobre o gênero, que sem dúvida os interessados passarão a conhecer na medida da convivência.
Como se vê, o mangá é algo enraizado na cultura japonesa há mais de três gerações. É natural que muitos leitores de mangá desejem um dia se tornarem também desenhistas ou roteiristas de mangá. Nos anos 50, período em que a maioria da população japonesa não tinha recurso, popularizou-se as casas de aluguel de mangás. Nos anos 60/70 elas deram lugar às livrarias como hoje conhecemos, e a lenta recuperação da economia japonesa trouxe dinheiro para o bolso do povo, que começou a dar-se ao luxo de comprar o que antes só podia alugar. Nos anos 80 a coisa explodiu, e algumas revistas semanais alcançaram a monstruosa marca de cinco milhões de exemplares vendidos semanalmente. . Artistas como Katushiro Otomo ( Akira ), Nobuhiro Watsuki ( Kenshin e Samurai X ) e Naoko Takeuchi ( Sailor Moon ) são referências no Japão, principalmente por terem começado na arte através dos Dojinshis, os fanzines japoneses.
Os animês japoneses tornaram-se hoje em dia cultura pop internacional e transitam livremente pela Ásia e Europa, embora tenham tido origem no Japão. Interessante é que até o mercado americano onde os super-heróis são tradicionalmente a linguagem dos quadrinhos abriu suas portas para este estilo quase que por acaso. Isto tudo aconteceu na época em que Miller assinava seus primeiros sucessos e o mangá era ignorado nos EUA. Reza a lenda que Frank Miller, certa vez, ganhou de um amigo uma antologia de O Lobo Solitário, em japonês, que ele passou a folhear até gastar suas centenas de páginas — depois de digerir as imagens daquela violenta história de samurai, de investigar e de refletir sobre o universo dos guerreiros do País do Sol Nascente, regurgitou tudo em uma obra experimental e revolucionária, em que ousou narrar em uma nova linguagem gráfica — nascia, então, o primeiro mangá americano. Ronin, foi lançado precisamente em julho de 1983, nos EUA, pela DC Comics, em formato de minissérie, em 6 partes. Ronin é pioneiro por ter sido o primeiro romance gráfico a ser visto como um projeto de ponta pela DC Comics, também por conter a mítica cultural e os costumes japoneses, ao mesmo tempo em que apresenta um manifesto contra o corporativismo empresarial nipônico, que começava a ameaçar a América dos anos 80. A obra, ainda hoje, é considerada surpreendente. O personagem Ronin é um samurai sem mestre, que reencarna em um deficiente físico, numa Nova York futurista e degradada, mergulhada em decadência.
A realidade é que, Sem dúvida, os mangás hoje dominam todos os mercados de quadrinhos do mundo. Dragon Ball sozinho vende mais que todos os super-heróis norte-americanos reunidos. Isso no Brasil, na Argentina e na Europa. Mas o mais importante é que os mangás estão revelando para os leitores e quadrinistas ocidentais novas maneiras de ver e fazer quadrinhos. Falar de qualquer assunto e para todo o tipo de público. Porque, no Japão, quadrinhos não é só para criança. A cultura popular japonesa não se resume a febres momentâneas. Também, é importante desmanchar visões preconceituosas que acham que quadrinhos japoneses são personagens de olhos grandes, e lutar contra visões distorcidas que acham que mangás são pura violência. Aliás, esses detalhes são traços característicos do mangá, os olhos arregalados é na verdade para melhor transmitir aos leitores as sensações das personagens através das expressões faciais. Os mangás significam 40% da produção editorial do Japão. É uma tradição que começou há muitos séculos e que passa por várias artistas. Que o mangá já está consolidado no mercado brasileiro, disso já sabemos, mas que não se faça somente tradução, vamos criar nosso mangá também.
* Fabio Ramos é colecionador de gibis, jornalista free lancer e colunista do nosso blogger.
Outra característica peculiar dos mangás é que eles são publicados em volumes de mais ou menos 200 páginas cada, o que permite aos autores criar histórias mais longas e aprofundadas. Nos últimos tempos, a supremacia dos gibis ocidentais vem sendo ameaçada pela invasão dos mangás. E eles não chegam sozinhos. No meio audiovisual, os animes, ou desenhos animados japoneses, também estão dominando. Dessa forma, em um mangá é comum ver várias páginas só de imagens, sem diálogos, e também ações que se desenrolam por muitos quadrinhos e abordadas por diferentes pontos de vista. A disposição dos quadrinhos em uma página de mangá é diferente daquela que se costuma ver num comic americano, que costuma ter 3 ou 4 fileiras de quadrinhos por páginas. Como os mangakás (nome dado aos autores de mangás) dispõe de um espaço maior para contar sua históra, também empregam um número menor de quadrinhos por página - não é difícil ver página até sem quadrinhos, com uma única imagem estourada. Também é característica dos mangás serem feitos completamente em preto-e-branco e em papel jornal, o que torna o produto mais barato e faz com que ele seja consumido por todo tipo de pessoa - no Japão eles são lidos por crianças, estudantes, executivos, donas-de-casa…
Esses são apenas alguns pontos que caracterizam os mangás. Só que o principal é a capacidade que eles têm de encantar pessoas do mundo todo. Ler um mangá é uma experiência única. É mergulhar em um mundo próprio. Cheio de ação, emoção, heróis, criaturas mágicas e muita, muita diversão. Nas HQs ocidentais, a trajetória dos protagonistas pode permanecer a mesma durante anos e é possível prever o desenrolar de cada enredo. No mangá, os personagens se transformam constantemente, passando por diversas formas de apresentação — muitos, inclusive, envelhecem. E mesmo que determinada trama tenha alcançado muito sucesso, ela não volta a ser publicada. Os quadrinhos japoneses são notórios pela economia de texto e pela força das imagens. Descrições, narrações e diálogos geralmente são mínimos e ditam um ritmo de leitura acelerado. Por outro lado, as onomatopéias são presença marcante
Existem várias palavras relacionadas ao universo mangá, que com certeza para os que não acompanham a cultura milenar, torna-se uma tremenda confusão. Anime é um termo que designa os desenhos animados japoneses, também pode ser grafado como "anime". É a abreviação de "animation" e ganhou força nos anos 60 graças ao pioneiro do mangá Osamu Tezuka. Dojinshi é uma palavra que define os fanzines japoneses. Fanzine é um tipo de publicação amadora cujo nome vem da junção das palavras "fan" e "magazine". Existem fanzines no mundo todo sobre rock, poesias, cinema, quadrinhos e etc. Muitos se dedicam a publicar histórias feitas por amadores. Impressos em xerox ou off-set, os fanzines são a porta de entrada de muitos artistas em início de carreira. No Japão, a coisa não é diferente, mas o mercado dos dojinshi é bastante profissional. Impressões luxuosas são vendidas em convenções espalhadas pelo país e com desenhos que muitas vezes não deixam nada a dever às publicações profissionais. Hentai literalmente, significa "anormal" e é a palavra usada pra definir o material de mangá e anime de cunho erótico. Kaiju normalmente traduzido como "monstro", o termo ganhou popularidade com os "kaiju eiga" (ou "filmes de monstro"), que foram a base do cinema de ficção japonês. Iniciando com Godzilla em 1954, o gênero reinou nos anos 60, mas perdeu força com a invasão dos super-heróis para TV. Os "kaiju" mais famosos no Japão são: Godzilla, Mothra, Gamera, King Ghidra e Baltan (da saga da Família Ultra). Existem muitas outras palavras sobre o gênero, que sem dúvida os interessados passarão a conhecer na medida da convivência.
Como se vê, o mangá é algo enraizado na cultura japonesa há mais de três gerações. É natural que muitos leitores de mangá desejem um dia se tornarem também desenhistas ou roteiristas de mangá. Nos anos 50, período em que a maioria da população japonesa não tinha recurso, popularizou-se as casas de aluguel de mangás. Nos anos 60/70 elas deram lugar às livrarias como hoje conhecemos, e a lenta recuperação da economia japonesa trouxe dinheiro para o bolso do povo, que começou a dar-se ao luxo de comprar o que antes só podia alugar. Nos anos 80 a coisa explodiu, e algumas revistas semanais alcançaram a monstruosa marca de cinco milhões de exemplares vendidos semanalmente. . Artistas como Katushiro Otomo ( Akira ), Nobuhiro Watsuki ( Kenshin e Samurai X ) e Naoko Takeuchi ( Sailor Moon ) são referências no Japão, principalmente por terem começado na arte através dos Dojinshis, os fanzines japoneses.
Os animês japoneses tornaram-se hoje em dia cultura pop internacional e transitam livremente pela Ásia e Europa, embora tenham tido origem no Japão. Interessante é que até o mercado americano onde os super-heróis são tradicionalmente a linguagem dos quadrinhos abriu suas portas para este estilo quase que por acaso. Isto tudo aconteceu na época em que Miller assinava seus primeiros sucessos e o mangá era ignorado nos EUA. Reza a lenda que Frank Miller, certa vez, ganhou de um amigo uma antologia de O Lobo Solitário, em japonês, que ele passou a folhear até gastar suas centenas de páginas — depois de digerir as imagens daquela violenta história de samurai, de investigar e de refletir sobre o universo dos guerreiros do País do Sol Nascente, regurgitou tudo em uma obra experimental e revolucionária, em que ousou narrar em uma nova linguagem gráfica — nascia, então, o primeiro mangá americano. Ronin, foi lançado precisamente em julho de 1983, nos EUA, pela DC Comics, em formato de minissérie, em 6 partes. Ronin é pioneiro por ter sido o primeiro romance gráfico a ser visto como um projeto de ponta pela DC Comics, também por conter a mítica cultural e os costumes japoneses, ao mesmo tempo em que apresenta um manifesto contra o corporativismo empresarial nipônico, que começava a ameaçar a América dos anos 80. A obra, ainda hoje, é considerada surpreendente. O personagem Ronin é um samurai sem mestre, que reencarna em um deficiente físico, numa Nova York futurista e degradada, mergulhada em decadência.
A realidade é que, Sem dúvida, os mangás hoje dominam todos os mercados de quadrinhos do mundo. Dragon Ball sozinho vende mais que todos os super-heróis norte-americanos reunidos. Isso no Brasil, na Argentina e na Europa. Mas o mais importante é que os mangás estão revelando para os leitores e quadrinistas ocidentais novas maneiras de ver e fazer quadrinhos. Falar de qualquer assunto e para todo o tipo de público. Porque, no Japão, quadrinhos não é só para criança. A cultura popular japonesa não se resume a febres momentâneas. Também, é importante desmanchar visões preconceituosas que acham que quadrinhos japoneses são personagens de olhos grandes, e lutar contra visões distorcidas que acham que mangás são pura violência. Aliás, esses detalhes são traços característicos do mangá, os olhos arregalados é na verdade para melhor transmitir aos leitores as sensações das personagens através das expressões faciais. Os mangás significam 40% da produção editorial do Japão. É uma tradição que começou há muitos séculos e que passa por várias artistas. Que o mangá já está consolidado no mercado brasileiro, disso já sabemos, mas que não se faça somente tradução, vamos criar nosso mangá também.
* Fabio Ramos é colecionador de gibis, jornalista free lancer e colunista do nosso blogger.
Um comentário:
Adorei a reportagem sobre manga, o meu filho esta estudando anime e Manga numa gde escola em Tokio, ano que vem ele se forma se Deus quizer.
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