8/16/2010

HQ explora dimensões filosóficas e místicas


Por: Diogo Bercito

O gibi Homem Gravidade Zero da Editora Jaboticaba, conta com 152 pgs e está à venda por R$ 39,00. A HQ, apesar de partir do mundo real, explora as dimensões filosóficas e místicas da existência humana.

A HQ tem um tom místico do início ao fim, com direito a um protagonista explorando a floresta amazônica e conversando com gurus indígenas sobre coisas enigmáticas como ouvir o silêncio.

Homem Gravidade Zero é, em diversos aspectos, um trabalho incomum para o mercado brasileiro. Além da temática filosófica e ambiental, há o quesito investimento editorial. Publicado em papel couché, com 152 páginas coloridas, tem direito também a capa com quinta cor com efeito em que parte da ilustração brilha.

O roteiro é assinado por Leo Slezynger, formado em literatura e filosofia pela Universidade de Boston. O traço fica por conta de Kris Zullo, diretor de arte da revista Recreio da Editora Abril. Os desenhos impressionam pelo bom uso do espaço narrativo da história em quadrinhos onde há variação do tamanho dos quadros e da posição, mostrando domínio da técnica. As cores e o estilo de rabiscar lembram os trabalhos do mercado europeu, tipo Astérix.


8/13/2010

As HQs estão tomando o caminho errado


Por: Emir Ribeiro*

As diretrizes fixadas para a publicação das histórias em quadrinhos estão tomando o caminho errado. Edito revistas e fanzines desde 1978 e coleciono quadrinhos desde 1967. São mais de 40 anos de experiência e prática. Nesse tempo, pude perceber que o público leitor brasileiro gosta de personagem fixo e não histórias avulsas. Tome-se por base a Kripta da RGE, de longa vida; Tex, antes da Vecchi, depois Globo e agora Mytos; mesmo a linha Vertigo da Abril, mais intelectualizada, apresentava personagens fixos, como Hellblaizer; os heróis da Marvel e DC que nunca pararam de circular até hoje. Agora cite-me uma revista de HQ avulsa sem personagem fixo com vida longa...

O público brasileiro adora novela. Gosta de acompanhar a vida dos personagens como se fossem amigos. O público torce por eles, se empolga com as coisas boas que acontecem. Quem não se emocionou com o casamento do Fantasma? Quem não se angustiou com a morte de Gwen Stacy no Homem Aranha da EBAL? Quem não se penalizou com Frank Drake quando sua Jean se transformou em vampira e teve de ser morta, na Tumba de Drácula da Bloch? Quem não se chocou ao saber que o Dr. Alec Holland morrera e o Monstro do Pântano era só uma planta na aula de anatomia? A persistir a atual política editorial, este filão não poderá mais ser explorado.

Não adianta escrever histórias destinadas a intelectuais. Elas devem ser compreendidas também por gente mais simples. Se o texto não tirar do leitor algum tipo de sentimento, de identificação pessoal, ele fracassará.

Não é preciso encher a revista de personagens fixos, mas sim, destinar uma porcentagem das páginas a eles. O rigor deverá ser maior na seleção dos desenhos. Existem bons textos com desenhos sofríveis. Bons desenhos sempre cativam o leitor. As primeiras histórias a serem lidas devem ser sempre as melhores, para conquistar o leitor logo no primeiro momento ao folhear a revista.

* Emir é o criador da heroína Velta e também colaborador diversos zines que circulam pelo país.


8/11/2010

Site vende busto do Homem Aranha





O site Sideshow Collectibles, com licença da Marvel Comics, está vendendo a mais recente adição da série Marvel Legendary Scale Bust. O busto do Homem Aranha conta com uma edição de apenas 400 unidades e a peça é pintada individualmente com acabamento para os padrões mais exigentes. A qualidade e detalhe mostra um produto artesanal, muito bem feito. Apenas 400 peças disponíveis. O busto do homem aranha está sendo vendido por US $ 199.99.

Tamanho do produto:
279,4 milímetros x 152,4 milímetros

Peso do produto:
2,72 kg

8/06/2010

Entrevista: Viviane Machado

Por: Pedro Brandt

Quando e como começou o seu interesse por histórias em quadrinhos?
Nossa, eras passadas. Sempre amei ler. Aprendi a ler em casa, antes de aprender na escola. E fui impulsionada pelos quadrinhos. Quis muito aprender a ler para poder entender os balões.

Nesta época, o que você lia?
Li muito Monteiro Lobato, aventuras, fantasia... mas minha paixão eram os quadrinhos. Todo tipo de quadrinhos: Turma da Mônica, Tio Patinhas, super heróis, Calvin, Garfield...

Quando surgiu sua produção de quadrinhos?
Surgiu quando eu era bem pequena, cerca de sete anos, mas, profissionalmente, por volta dos 15. Comecei a fazer fanzines e pequenas ilustrações.

Como começou tudo isso?
Começou porque eu simplesmente quis criar minhas próprias histórias. Eu era aquele tipo de criança que via e queria fazer. Simplesmente senti uma vontade grande, principalmente porque sempre diziam que eu desenhava bem e eu quis ir além. Escrevia livros, desenhos, misturava ambos...

Saber desenhar e saber fazer quadrinhos são coisas diferentes. Como foi o seu aprendizado para fazer quadrinhos?
Muita leitura! Li livros sobre roteiro e livros sobre quadrinhos. Lia os quadrinhos, propriamente dito, estudava as poses dos personagens, via a posição de balões nas páginas, testava páginas de outras formas e passava para as pessoas para ser criticada. Tentava escrever a situação antes de imaginar. Fui muito autodidata nessa parte, mas não teria conseguido sem os livros. Sem contar que amo videogame e cinema. Isso me impulsionou a tentar criar enredos fantásticos.

Muitas meninas não lêem quadrinhos porque as temáticas das HQs são, geralmente, masculinas. Você acredita que isso justifica o número reduzido de meninas leitoras e, consequentemente, produzindo HQs?
Bem, realmente é uma coisa que não ajudou muito. No caso, fui muito influenciada pelos quadrinhos brasileiros, como Turma da Mônica, ou quadrinhos do Calvin e Garfield. Super-heróis nunca foi muito minha praia, embora gostasse de desenhos animados. Fui influenciada principalmente por meu pai. Infelizmente, a temática não agradava muito, ao menos a boa parte das mulheres. Sem contar que não havia muitos exemplos femininos para serem seguidos. Isso costuma influenciar as crianças. Você pode ver, por exemplo, quando somos crianças, e a professora pergunta o que você deseja ser quando crescer. Na minha época, as meninas queriam ser professoras e os meninos jogadores de futebol. Acredito sim, que o problema é especialmente a temática.

Você acredita que o mangá ajudou a trazer mais meninas para os quadrinhos?
Os mangás deram uma impulsionada para modificar esse quadro, com toda certeza. Hoje em dia acredito que, graças ao mangá, principalmente os mangás voltado para as meninas, aumentou consideravelmente o número de leitoras e quadrinhistas no Brasil, porque agora é um gênero que a maioria aprecia. No passado, com certeza havia menos mulheres por causa da temática, mas hoje em dia tudo mudou, não há dúvida. Não há apenas um tema infantil ou cheio de heroísmo, mas temas atuais. Sem contar que os mangakás têm um grande contingente de mulheres, o que influencia muito.

Qual o seu conselho para as meninas que querem começar a fazer quadrinhos?
Para as que querem começar, primeiramente tem que querer. Não é um mercado fácil, principalmente no Brasil, já que muita coisa vem de fora. Tem que estudar vários estilos, estudar roteiro e desenho. Não basta só ler quadrinhos e sair desenhando. Tem que ter conhecimento na área e buscar inclusive divulgação via internet. Acima de tudo, não ligar para críticas. Cada um tem seu próprio estilo e se vai fazer sucesso ou não, só depende de você.

E para aquelas que ainda não lêem quadrinhos?
Para as que não lêem, comecem! Hoje em dia a temática é muito variada, fala sobre problemas na adolescência, romances, vida atual. Há todos os tipos, para todos os gostos, desde comédia, terror ou até suspense. Acabou a lenda de que HQ é para crianças ou para adultos que gostam de ação. Tem HQs que são verdadeiras lições para a vida!

Acha que rola preconceito contra a produção feminina nos quadrinhos?
Bem, eu não acredito ter sofrido preconceito em relação a esse assunto. Pode haver sim, já que muitos nomes famosos estão ligados a homens, mas não lembro de ter sofrido nada em relação a isso.

Como tem sido o feedback para o seu trabalho?
Meu trabalho sempre foi voltado para o humor. Recebo muitos e-mails de pessoas elogiando, sugerindo, opinando. Simplesmente amo. É o que me impulsiona, sem dúvida, apesar das dificuldades. Sempre fico esperando que surja uma oportunidade para que meus livros sejam publicados ou porventura possam ilustrar um livro infantil. Mas estou sendo bem divulgada, graças a Deus.

Você já publicou alguma coisa profissionalmente?
Já! Mas devo admitir que profissionalmente há sempre aquela cobrança, aquela tensão. Ilustrei algumas cartilhas, fiz mascotes e desenhos para diversos sites, inclusive internacionais. Com quadrinhos eu publiquei duas histórias, uma em Talentos do mangá, inclusive. Mas eu gosto.

E de forma independente?
De forma independente já fiz revistas, tiras, ilustrei meus livros, etc.

Quais seus próximos passos?
Meus próximos trabalhos por enquanto são tirinhas no meu blog, onde estou sempre fazendo tirinhas dos meus livros ou de livros famosos, para divertir as pessoas.

8/04/2010

Justin Bieber em quadrinhos

O The Hollywood Reporter informa que o cantor adolescente Justin Bieber, de 16 anos, vai ter sua vida contada em uma biografia em formato de quadrinhos.

A publicação, que terá 32 páginas se chamará "Fame: Justin Bieber", e vai contar como a trajetória do jovem astro chegou até o estrelato.

A publicação será lançada pela Bluewater Productions, e deverá chegar às lojas em outubro nos Estados Unidos.

A editora já lançou um livro no mesmo formato sobre o ator Robert Pattinson, astro da saga "Crepúsculo".

A editora também pretende fazer livros sobre as histórias de Taylor Swift, David Beckham e Lady Gaga.

A mais vendida do século 21

A última revista em quadrinhos do Homem-Aranha é oficialmente a mais vendida do século 21 nos Estados Unidos. Trata-se de "Amazing Spider-Man", edição 583 com o presidente Barack Obama na capa.

A publicação já ultrapassou as 350 mil unidades vendidas, e precisou ser reimpressa quatro vezes pela Marvel.

Até o lançamento deste gibi, o mais vendido do século era "Captain America #25", que vendeu 250 mil unidades.

Apesar do recorde, os números não estão nem perto do que ocorria no início da década de 90, quando a venda de gibis de super-heróis ultrapassava a casa das milhões de unidades.

No quadrinho, um dos mais antigos inimigos do Homem-Aranha tenta estragar a cerimônia de posse de Obama, em Washington. O herói salva a cerimônia do 44º presidente americano.

De acordo com o editor-chefe da Marvel, Joe Quesada, a ideia de produzir uma revista com Obama surgiu quando a editora descobriu que o político coleciona os quadrinhos do personagem.

8/03/2010

Velhos reclamões



Por: Fernando Lopes


Tenho percebido uma coisa muito interessante participando de discussões sobre quadrinhos na net: estou ficando velho! Mais do que isso, estou ficando um velho muito reclamão. E não estou sozinho.

Pertenço a uma geração privilegiada, que acompanhou um dos melhores momentos dos quadrinhos americanos: os anos 80. Foi uma década rica em verdadeiras obras-primas, daquelas que certamente estão entre as top 10 de qualquer gibiota que se preze: V de Vingança, Cavaleiro das Trevas, Watchmen, Batman: Ano Um, A Piada Mortal, Sandman, Orquídea Negra, Asilo Arkham e outras preciosidades. Isso sem mencionar revistas de linha com tesouros como o Demolidor de Frank Miller, X-Men por Chris Claremont e John Byrne, Novos Titãs por Marv Wolfman e George Pérez, Homem-Animal de Grant Morrison, Monstro do Pântano por Alan Moore e Steven Bissete e outras pérolas do gênero. Esse é o meu referencial.

A década de 90, porém, chegou trazendo novos nomes e novos quadrinhos. E alguma coisa se perdeu. Não quero aqui cair no lugar comum de malhar o fenômeno Image. Fiquei reclamão mas continuo detestando clichês. E malhar Jim Lee, Todd McFarlane e (principalmente) Rob Liefield virou o esporte preferido dos fãs de comics. Uma constatação, porém, é inevitável: os quadrinhos, particularmente os americanos, já viveram dias muito melhores.

Mas ainda temos bons quadrinhos. A segunda metade desta década tem sido menos ingrata que a primeira. Vimos surgir obras memoráveis como Marvels e O Reino do Amanhã. Nomes como James Robinson, Kurt Busiek, Mark Waid, Peter David, Garth Ennis e outros ganharam merecida projeção. As HQs se renovam e sobrevivem, ainda que sem o brilho da década passada. Talvez aí é que esteja o problema.

Minha geração ficou mal acostumada. Tivemos uma overdose de bons quadrinhos. Obras de valor insuperável, que figuram entre as melhores lembranças de nossa juventude e que, ainda hoje, mostram o invejável fôlego das coisas bem feitas. Ficamos exigentes demais. Acho que, no fundo, quando criticamos a atual fase dos comics americanos, estamos criticando não apenas um trabalho mas o próprio tempo, que insiste em nos tornar nostálgicos. Talvez, bem lá no fundo, estejamos apenas tentando resgatar nossa própria juventude perdida.


*Fernando Lopes é jornalista

7/26/2010

Unesco lança gibis

Seis gibis publicados pela Unesco debatem temas como homossexualidade, DSTs e gravidez na adolescência. Num clima informal, os personagens das histórias contribuem para uma orientação saudável para os leitores. As HQs foram lançadas em parceria com o Governo Federal para distribuição nas escolas públicas de todo o país. O projeto da Unesco tenta ir direto ao ponto e colocar assuntos delicados em pauta. Fazer isso com gibis faz parte da proposta de tratar de temas sociais em formatos mais modernos e abrangentes. O roteiro ágil contribui para o bom resultado da empreitada.

7/23/2010

Marvel divulga capas sobre lendas vampirescas




A Marvel divulgou quatro capas das edições especiais sobre vampiros, que serão lançadas. Elas fazem parte de uma série feita em homenagem ao Dia das Bruxas.

Os super-heróis vão viver histórias baseadas nas melhores lendas vampirescas de todos os tempos.

7/21/2010

Ziraldo inaugura exposição

O quadrinista, chargista e cartunista Ziraldo, inaugurou sua primeira exposição de acrílicos sobre tela. A exposição está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio de Janeiro e a mostra foi batizada de "Zeróis: Ziraldo na tela grande".

Motivado por amigos, Ziraldo deu início à produção sobre tela com a transposição de cartuns de super-heróis que fizeram sucesso no passado. Logo, começou a brincar também com os heróis da pintura, fazendo releituras de Picasso, Velázquez e Goya, entre outros. No total, estão expostas 44 telas.

7/07/2010

Mulher Maravilha ganha novo visual

Aos 69 anos, a Mulher Maravilha chega à edição de número 600. Para comemorar, a DC Comics resolveu dar de presente a ela um uniforme mais prático e moderno.

Agora, as pernas de Diana não ficarão mais à mostra, já que o mini-shorts de estrelas foi substituído por uma calça escura super colada. O modelo das botas também mudou e elas são da mesma cor da calça.

Além das pernas, o artista Jim Lee, decidiu cobrir os ombros da heroína com uma jaqueta azul.

Os cabelos, que já foram longos, agora estão mais curtos e repicados nas pontas, dando um ar jovial.

De acordo com J.Michael Straczynski, o novo roteirista da história em quadrinhos, a ideia é trazer a super-heroína mais para o século 21, já que sua roupa não mudou muito desde sua estreia, em 1941.

7/05/2010

A arte dos brasileiros no mercado americano


Por: Wellington Srbek*

Não é apenas através de revistas nacionais que os desenhistas brasileiros têm chegado às bancas. Depois de se tornarem a mão de obra barata preferida pelas editoras americanas, os desenhistas nacionais estão se fortalecendo como profissionais.

A lista de brasileiros desenhando para o mercado americano é bastante extensa e, a cada dia é mais comum encontrar-se nos créditos de uma HQ, um nome brasileiro em sua versão americanizada. Um dos pioneiros da invasão tupiniquim dos quadrinhos de super-heróis foi Mark Campos ( Marcelo Campos ), que desenhou as revistas da Liga da Justiça. Infelizmente em seu trabalho para a DC Comics ele não mostrou o mesmo talento que revelou ter na série Quebra Queixo, publicada na revista Pau Brasil.

Depois de Campos, vieram outros que se adaptaram melhor às exigências do mercado norte-americano, justamente por serem capazes de transformar seus desenhos de acordo com o estilo mais popular daquele país, que é o super-heróis. O caso exemplar é o Roger Cruz ( Rogério Cruz ), o plagiador mais competente do estilo americano Joe Madureira. Tendo alcançado bastante sucesso com a série X-Men e com HQs para a Image Comics, e inclusive fez uma ótima parceria com Joe Bennet em uma HQ do Surfista Prateado.

José Benedito destacou-se com a série Ravage 2099, na qual mostrou um traço dinâmico, que explorava o contraste preto e branco. No especial De Volta a Era de Apocalipse, Joe Benneti nos brindou com desenhos que misturam elementos do estilo Jim Lee e Joe Madureira.

Em se tratando de mercado americano o desenhista brasileiro com melhor desempenho é Mike Deodato, cujo o trabalho nós acompanhamos na revista Marvel 98 e muitas outras vieram depois. Filho de um renomado quadrinhista brasileiro, Deodato conseguiu se estabelecer com seu estilo pessoal, transformando personagens como Mulher Maravilha e o Poderoso Thor em sua marca registrada de sucesso.

Embora exista uma dezena de desenhistas brasileiros trabalhando para editoras americanas, a verdade é que nenhum deles cria os roteiros das HQs, que chegam as suas mãos já traduzidas. O argumento da barreira linguística não cola. A verdade é que as editoras americanas só estão interessadas em mão de obra barata e que aceite prazos sufocantes e se adapte facilmente aos estilos deles.

* Wellington Scbek é estudioso de quadrinhos e colaborador de diversos zines que circulam pelo país.