6/02/2009

Quando os quadrinhos apelam

Por: Tom*

Com direito a "happy-end" melodramático misturado a lágrimas e um último abraço em sua amada Lois Lane, desse modo concluíram a saga do super-herói mais bem elaborado das estórias em quadrinhos.
Super-Homem foi criado em 1938 por Jerry Siegel e Joe Shuster durante a Era de Ouro dos quadrinhos e de lá para cá pouca coisa se modificou, tanto no "design" do personagem (roupas, cores) ou na sua performance – e não poderia ter sido diferente : Super-Homem sempre foi perfeito.
E é por conhecermos sua trajetória, o jogo de cintura para acatar novos parceiros na luta contra o mal, seu desmedido amor por Metrópolis e o carinho por Lois Lane que ouso proferir : a edição em capa preta veiculada há vários anos atrás (originalmente publicada em sete partes nos EUA e compilada aqui no Brasil pela Abril Jovem numa edição especial única sob o título A MORTE DE SUPER-HOMEM*) é um fiasco !
Ou melhor : um eficiente golpe de publicidade cujo resultado foi um balde de água fria em milhões de aficionados pelo herói. Um nocaute, sem revanche.
Se puxassem pela imaginação (leia-se , criatividade) encontrariam métodos menos apelativos de chamar a atenção para o herói como ocorreu à reviravolta de Batman (envelhecido e sem a parceria de Rabin, morto em combate)* e o casamento do Fantasma* após um longo e cansativo noivado com Diana Palmer.
Se o objetivo era vender revistas haveria opções como :
a) Casar o Super com Lois Lane numa bela edição de luxo (já fizeram isso?);
b) Como ele não envelhece (ou envelhece pouco), trocar Lois Lane por outra gata – uma daquelas maravilhosas mutantes , por exemplo – já que Lois envelheceria;
c) Um filho do Super-Homem através de Lois Lane. Obviamente nesse caso, até poder-se-ia aceitar a morte do herói. O filho prosseguiria a saga do pai já que ninguém suporta a canastrona da Supermoça ou os debilóides Superboy* e Supercão.
Vamos agora aos "furos" da edição capenga :
1) Os sangramentos pelo corpo do Super-Homem : os seus cortes cicatrizam-se instantaneamente;
2) Se ele tivesse de morrer teria que ser vítima da tão badalada kriptonita – seu único ponto fraco;
3) A criação do praticamente indestrutível "Apocalipse" que assassina o herói : quem é? Qual o motivo de tanto ódio? De onde vem toda a sua força?
4) Os argumentos são banais : há um massacre inútil de heróis.
Agora, pra não dizer que estou exagerando, a capa é de excelente qualidade gráfica ainda que num formato maior ganhasse mais impacto (álbum, por exemplo, como se faz na Europa).
Por outro lado isso não é motivo para ficar preocupado. É claro, que depois disso você já deve ter esbarrado na banca com edições com os seguintes títulos : "O retorno de Super-Homem" ou "Super-Homem" ressuscita ". Kriptonita neles!
Notas :
* A Morte de Super-Homem (veiculada na última quinzena de novembro de 1993 pelo Abril Jovem S.A, argumento de Louise Simonson, desenhos de Jon Bogdanove e arte-final de Dennis Janke).
*Batman, O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, publicada em 1989 pela DC Comics.
*Fantasma , o espírito que anda (ou The Phantom), sugiro que assistam ao filme em que o herói é interpretado por um ator assumidamente gay, he, he.
*A respeito do Superboy faço aqui uma pequena restrição ao seriado Smallville interpretado pelo ator novato Tom Wellig (interpretando Clark na juventude) de quase um metro e noventa de altura e olhar doce : deveriam explorar mais o corpo do rapaz que só apareceu sem camisa em dois episódios.

* editor do Tom Zine, Poesias & Afins

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