3/09/2009

ONDE EU ESTAVA???



Por: José Salles*


O ano era 1974. O mundo, assim como hoje, estava muito – até mais – conturbado. Falava-se em dètente, mas todo mundo ainda morria de medo de uma guerra nuclear. O medo de uma crise econômica mundial, do petróleo com mais uma guerra islâmica-isrraelense. Nos Estados Unidos, o presidente Richard Nixon é obrigado a renunciar depois do escândalo do watergate. No Zaire, Muhamad Ali põe George Foreman à nocaute. Aqui no Brasil, o partido do governo militar, a Arena, leva uma surra nas eleições legislativas e o presidente Geisel anuncia uma abertura lenta e gradual. O Palmeiras derrota o Corinthians e trona-se o campeão paulista da temporada.


Mas onde eu estava no meio dessa confusão toda? Estava com sete anos de idade, começando a frequentar a primeira série e hipnotizado pela nova aquisição de minha família: a TV à cores. Eu que já me tornara um videota e já curtia a TV preto e branco, ficara embasbacado. Assistia os heróis Marvel, os filmes de guerreiros, cawboys, desenhos animados e jogos da copa.


Nunca descuidei da escola. Aprendi a ler. Lia o gibi do Batman. Precisamente o Almanaque Batman de 1974 da Ebal. Meus pais liam gibis para mim. Lembro de Batman, Homem Aranha, dentre outros.


Nas férias, na casa da vovó tinha um sebo de gibis, onde comecei minha coleção que guardo até hoje. Capitão América, Thor, Homem de Ferro, Hulk, Homem Aranha, Príncipe Submarino, Batman e Superman.


Crescendo, virei um "aborrecente", mas não abandonei os gibis. Lia de tudo, mas gostava mesmo era da Marve/DC. Talvez até eu gostasse mais do Asterix, Lucky Luke, Mortadelo & Salaminho, mas não admitia. Virei universitário e no fim de 1980, apareceu Darknight, O Cavaleiro das Trevas, a fantástica história de um Batman envelhecido e neurótico, que mudou os rumos da HQ mundial. Daí surgiram as graphic novel como Watchmen, Orquídea Negra, V de Vingança, Asilo Arkham e tantos outros.


Nesta mesma época comecei a tomar contato com os quadrinhos marginais, graças a Chiclete com Banana, Circo, Geraldão, Animal e outras. Graças também a essas revistas, conheci vários autores incríveis, como Lourenço, Mutarelli, Marcatti, André Toral e o estrangeiro Robert Crumb.


* José Salles é diretor de curtas, estudioso de HQ, crítico de cinema e editor de quadrinhos.

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