8/14/2013

Um gibi que não é gibi

 
 
 
O colecionador de gibis americano, Chris Ware, é considerado um dos mais criativos artistas do gênero atualmente em atividade. Ware está acostumado a construir sua arte usando temas como isolamento social, depressão e tormento. Ele usa tijolos em seu projeto mais ambicioso, o recém lançado "Building Stories", que já figura na lista das HQs essenciais desta década. O gibi acaba de ser lançado nos Estados Unidos e já está com a primeira edição esgotada. Seu projeto não se parece com um gibi. Por fora, ele lembra uma caixa. Por dentro, traz 14 peças, entre elas um livro, um jornal, um folheto e uma tirinha impressa nos dois lados. Não há ordem para a leitura, e até a embalagem conta a história, em anotações registradas em seus cantinhos. O leitor constrói a narrativa conforme decide o que ler primeiro e em que sequência. É a inusitada representação física do que Ware acredita serem as HQs. Os quadrinhos foram erguidos com precisão por Ware, que gastou 40 horas para registrar cada página. A aparente clareza do traço vem de querer que a história seja tão legível quanto possível, de forma a permitir maior ambiguidade e incerteza. Ao publicar "Building Stories" em 14 itens soltos, tendo em vista a experiência tátil de lidar com a obra, Ware se dedica ao livro como meio necessariamente impresso. Nesse desmembramento do objeto, o quadrinhista também cria um gibi que, afinal, não é exatamente um gibi.

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